#JovensTransformadores: Projeto quer o fim da pobreza menstrual dentro do sistema carcerário
Quando Giullia tomou conhecimento da falta de acesso a produtos de higiene menstrual nas prisões, ficou indignada e teve a ideia de criar com outras jovens o Absorvidas. O projeto tem o propósito de preservar a saúde das mulheres encarceradas, aumentando o conhecimento sobre o ciclo menstrual e garantindo a distribuição de absorventes e papel higiênico. “Até hoje é um tabu falar sobre menstruação", comenta Giullia. "Muitas mulheres são privadas do direito de saber sobre o próprio corpo e o ciclo que o impacta." Giullia que cresceu em Belford Roxo, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e quer ver a pobreza menstrual extinta dos presídios.
O projeto foi criado em agosto de 2019, quando Giullia concluía o Ensino Médio. À época estava se candidatando a um curso superior nos Estados Unidos e participou de um bootcamp da Latin America Leadership Academy (LALA), que ocorreu em Lima, Peru. Ali ela traçou as primeiras linhas do projeto, começou a fazer as pesquisas sobre o problema e ainda explorou as possibilidade para contribuir com soluções criativas.
A equipe do projeto formou-se inicialmente com cinco jovens que se conheceram na LALA. O projeto saiu do papel graças ao trabalho de todas. Para viabilizar a iniciativa, elas criaram uma campanha de financiamento coletivo com o intuito de arrecadar R$ 30 mil em 30 dias. Na metade do tempo, arrecadaram mais que o previsto. A equipe avalia que o sucesso se deu pela estratégia de engajar influenciadores digitais.
O @absorvidas.rj iniciou então as primeiras etapas do projeto-piloto. Selecionou o fornecedor dos bioabsorventes e a cooperativa, que produziu os saquinhos onde as mulheres podem guardar seus produtos de higiene. O projeto ainda organizou material educativo sobre higiene, ciclo menstrual e a lógica do bioabsorvente, como alternativa lavável e segura.
Os kits de higiene serão entregues no mês de março de 2021. O projeto tem um plano para monitorar a adaptação das mulheres ao bioabsorvente e para expandir para outras penitenciárias com os necessários ajustes. A visão é que as próprias mulheres dentro das penitenciárias comecem a produzir os itens de higiene.
Com 19 anos de idade, Giullia atualmente estuda Administração na Babson College, nos EUA, mas continua exercendo a liderança compartilhada do projeto.