#JovensTransformadores: Com 14 anos, Maria Clara lidera projeto para apoiar e acolher vítimas de violências
Desde muito cedo Maria Clara tenta entender as circunstância que geram situações de racismo, homofobia, machismo, carência e abuso sexual vividas pelos jovens. "Às vezes algo que acontece em casa, com os colegas ou no caminho até a escola influencia em nossa aprendizagem", conta. Uma professora de sua escola abriu os caminhos para que pudesse dialogar sobre esses problemas em um grupo de conversas, o que despertou seu interesse por ampliar esta oportunidade para outros jovens. Assim, Maria Clara criou o Fora da Bolha, com o objetivo de apoiar vítimas de bullying e abusos e sensibilizar outras pessoas ao apoio e acolhimento, como os professores.
A iniciativa se materializa em rodas de conversas com os alunos que necessitam de um espaço para dialogar sobre a opressão, o medo, a discriminação e a violência. O projeto é acompanhado por professores e garante o sigilo do diálogo com os jovens, de modo que nenhum dos depoimentos apresente o nome das vítimas, para proteger suas identidades e em respeito a seus traumas. Os casos são encaminhados e acompanhados, acionando-se, quando necessário, o Conselho Tutelar e um psicólogo.
"No interior, existe a mentalidade de que os mais velhos estão sempre certos. As rodas de conversa nos ajudaram a ganhar coragem, para conversar – para abrir o debate", explica Maria Clara. "Minha família sempre me apoiou a fazer o que gosto e acho certo, mas já me repreendeu por dar minha opinião sobre tudo. Hoje a gente conversa em familia sobre todos os assuntos. Queria que outras crianças e jovens pudessem ter essa mesma experiência."
Aos 14 anos, Maria Clara cursa o Ensino Fundamental II no Colégio Municipal Professora Didi Andrade e está desenhando a expansão de seu projeto para outras escolas da cidade, levando em conta as circunstâncias da pandemia.